Introdução

Ano passado (2024) decidi que meu presente de aniversário de 2025 seria uma nova viagem sozinha. Eu e Deus. Eu, como boa amante de praia, sol e mar, escolhi ir para Itacaré, Bahia. Durante a busca pela pousada, olhava no Booking.com e salvava algumas possibilidades, mas em algum momento me deu aqueles “5 minutos” e decidi subir um pouco no mapa. Parei numa ilha pequena, logo abaixo de Morro de São Paulo, e vi algumas fotos. Na hora eu decidi mudar meu destino. A foto que me fez trocar a rota sem nem pensar muito foi da praia de Moreré.

Uma praia deserta, rodeada de coqueiros, água cristalina e areia branquinha? Não preciso dizer que na hora já salvei algumas pousadas, comparei o preço das passagens e dei uma olhada em como chegar na ilha.

Transfers e como chegar

Por se tratar de um local isolado, praticamente, o percurso até a vila de Boipeba é longo independente de como você escolhe ir. Os trajetos podem ser semi-terrestres ou marítimos.

O transfer semi-terrestre é, normalmente, mais barato, mas o percurso total varia de empresa para empresa. A partir do aeroporto, é possível ir de carro direto até Valença, ou ir até a Ilha de Itaparica de balsa saindo do terminal náutico de Salvador, de lá pegar um transporte terrestre até Valença. A partir de Valença, pega-se uma lancha até Boipeba.

As empresas que oferecem o transfer até Boipeba possuem trajetos que diferem em alguns pontos de partidas, sendo mais rápidas ou demoradas que outras. Para a minha chegada na Ilha, fechei o transfer com a empresa Proativa Travel, com início direto no aeroporto de Salvador. A opção é alguns reais mais cara do que para quem vai por conta até o terminal náutico. Com recepção no aeroporto, R$370,00, e com saída direto no Terminal Náutico, R$330,00 (os preços podem variar, consulte a empresa).

O trajeto:

1. Carro no Aeroporto Internacional de Salvador (SSA) até o Terminal Náutico (30 minutos aproximadamente)
2. Balsa saindo do Terminal Náutico de Salvador até a Ilha de Itaparica (40 minutos aproximadamente)
3. Trajeto de carro até o cais Valença (1hora e 30 minutos aproximadamente)
4. Lancha no píer de Valença até a ilha de Boipeba (30 minutos aproximadamente)

No total, demorei cerca de 6 horas para chegar na pousada, contando todo o percurso feito com a empresa. O trajeto em si, dentro dos transportes leva até 5 horas, mas no cais de Valença precisei aguardar a próxima lancha disponível. Como era um domingo, a disponibilidade de travessia é menor. Acredito que se fosse algum outro dia da semana o tempo de espera seria menor.

Já para voltar para Salvador, decidi vivenciar o outro tipo de trajeto: o marítimo. Essa é a opção mais rápida e com menos trocas de veículos. Mas ainda assim, não pense que demora 1 ou 2 horas. O percurso leva de 3 a 3h30 podendo ou não terminar no aeroporto de Salvador (optando pelo transfer completo, pode demorar até 4 horas de trajeto), e custou R$320,00.

O percurso:

1. Travessia do rio da Boca da Barra com um barco rápido (10 minutos no máximo)
2. 4×4 até Morro de São Paulo (de 40 minutos a 1 hora)
3. Trecho a pé até o píer de Morro (20 minutos aproximadamente)
4. Catamarã direto até Salvador (2 horas mais ou menos)

Caso você esteja sozinho ou com muitas malas, considere aceitar a ajuda dos moradores que se oferecem para levar a sua mala por R$20,00 mais ou menos. Eles te acompanham até o terminal com suas malas em um carrinho de mão, e, pelo o que vi, é seguro aceitar. Como eu não estava com muito peso, decidi carregar eu mesma a minha bolsa de mão e minha mala de rodinhas. As ladeiras incrivelmente íngremes quase me fizeram me arrepender da escolha.

O percurso com o catamarã teve duração de 2 horas e 30 minutos, mas de acordo com o motorista o uber que peguei depois, a duração foi maior do que o normal. Se você enjoa facilmente, considere fazer o caminho mais longo, semi-terrestre. Vi muitas pessoas passando muito mal dentro do catamarã durante todo o caminho. É um trecho relativamente longo em alto mar, sem pausas e, dependendo das condições do mar, pode balançar mais.

Eu amei todo o caminho da volta! Com certeza, quando voltar a Boipeba, farei apenas o caminho com o Catamarã.

Onde me hospedei

Os preços das reservas em Boipeba eram mais em conta do que em Itacaré, com as características que queria. Reservei um quarto com uma varanda compartilhada e com vista para o mar na pousada Toca do Lobo.

As 5 diárias que paguei na pousada deu um total de R$1.537,00, com café da manhã incluso e muito bem servido, sempre com muitas opções deliciosas pela manhã. O pessoal da pousada também extremamente atenciosos! O quarto, só para mim, estava no tamanho ideal, mas se houvessem mais pessoas junto ficaria um pouco apertado.

Mas o melhor da pousada com certeza é a localização. Na Boca da Barra, pé na areia, bem onde o rio se encontra com o mar. A vista é realmente linda e as águas calmas, ideal para quem quer só relaxar e curtir, mesmo se estiver com crianças. Mas, apesar disso, não havia quase nenhuma família. Havia, na verdade, muitos casais, e principalmente casais estrangeiros. Nunca vi tanto gringo junto em um lugar só! Para cada lado que você ia tinha alguém falando em outra língua que não era o português. Isso não é uma reclamação, pelo contrário, mas é óbvio que o “boca a boca” que os estrangeiros fazem sobre suas viagens é muito maior do que a dos brasileiros. Afinal, eu nunca sequer tinha ouvido falar da Ilha!

Passeios

A Ilha de Boipeba possui diversas praias para serem visitadas, além de um pequeno centro de lojas e restaurantes na Velha Boipeba. As ruas são de pedra ou areia e a calçada que liga algumas pousadas até a ponta da Boca da Barra é feita de madeira, o que serve para encher de charme o lugar. Mas em quase todas as ruas encontramos empresas ou marinheiros autônomos ofertando passeios às principais praias da ilha, principalmente às piscinas naturais de Moreré.

O passeio mais caro que vi foi o “Volta a Ilha” custando R$250,00 por pessoa. Esse preço é praticado pela maioria dos trabalhadores, não dando muita margem de procura por um melhor preço a não ser através da famosa “pechincha”.

Além das trilhas e praias que falarei a frente, você pode contornar toda a ilha de lancha, passar um dia em Morro de São Paulo ou em Ponta dos Castelhanos, comer em um dos restaurantes às margens do Rio dos Patos ou simplesmente passar a manhã nas piscinas naturais de Moreré, que por si só já é um passeio e tanto.

Apesar de não ter feito nenhum passeio de lancha, posso garantir que a experiência seria incrível apenas pela beleza de todos os lugares.

Alimentação e valores

Os restaurantes da ilha são bem rústicos como todo o resto do lugar. Não espere nenhum luxo ostentoso, mas sim muito contato com a natureza, espaços abertos, decorações naturais e boa comida.

As pousadas mais próximas à praia possuem seus próprios restaurantes onde os hóspedes podem escolher comer. Na minha viagem comi apenas no restaurante da pousada onde fiquei, que aliás leva o mesmo nome, Toca do Lobo, e também em um restaurante no centro da vila.

Os marinheiros costumam parar com os turistas em passeio nos pontos estratégicos para que possam comer e descansar. Atente-se sempre aos valores aplicados nos restaurantes por perto, pois o preço das refeições são bem salgados. Pratos entre R$100,00 e R$200,00 são muito comuns e a sua maioria é composta por peixes normalmente pescados pelos próprios moradores da região.

As porções também são de valor elevado, mas se você estiver com mais pessoas, acaba compensando pois são bem servidas. As opções mais baratas acabam sendo os lanches, entre R$30,00 e R$50,00.

Quanto às bebidas, não tenho os valores exatos mas também são acima da média aplicada. Caipirinhas, sucos, refrigerantes, cervejas e águas são vendidas nos restaurantes com preços altos, mas se você estiver disposto a andar mais 10 minutos, no centro da Velha Boipeba, você encontrará valores mais acessíveis, tanto para as bebidas quanto para as comidas.

No meu primeiro dia, jantei em um restaurante bem pequeno, na praça do centro. Uma tapioca de frango e um suco não deram nem R$40,00. Infelizmente não me lembro o nome do restaurante, mas opção não falta.

O que fiz para conseguir economizar com as refeições foi “sacrificar” uma delas comendo, no meu quarto da pousada, pão e frios que comprei no mercadinho da vila.

Trilhas e Praias

Como já dito, a Ilha de Boipeba possui diversas praias lindíssimas para se visitar. Além das lanchas você pode chegar até elas pelas trilhas por dentro da ilha, caso esteja disposto a andar.

Ir e voltar até Moreré a pé levou quase 6 horas no total. Isso porque fiz o percurso mais longo, pela praia. Mas não pense que me arrependi, pois todas as paisagens que vi compensaram totalmente o cansaço.

O outro caminho é por dentro da Vila, um caminho mais curto e rápido, porém sem as vistas das praias. Fiz essa trilha um dia antes de voltar para São Paulo e também não me arrependo, pois pude chegar mais rápido na linda praia de Cueira sem ficar extremamente exausta para o dia seguinte. Ao todo levei pouco menos de 3 horas para ir e voltar e ainda ficar um pouco na praia tirando fotos.

A trilha acaba praticamente no meio da praia de Cueira, em uma rua de terra e areia que condutores buggy utilizam para transportar turistas e moradores. E, claro, voltei com um dos condutores que me cobrou R$25,00 para me deixar na boca do centro da Vila, um percurso de 15 minutos mais ou menos.

Abaixo listo as praias em que estive com algumas informações rápidas.

Praia Boca da Barra

A Boca da Barra é o coração turístico da Ilha. Aqui estão a maioria das pousadas, comércio, restaurantes, além de ser o principal ponto de desembarque para quem chega à ilha de lancha.

Assim como há muito turista, existem muitos cachorros na região. Se por acaso você não gostar ou tiver medo, garanto que são todos amigáveis e dóceis (queria muito trazer um para casa).

Praia do Sossego e Praia das Pedrinhas

São praias bem pequenas, sem nenhum movimento e ficam na ponta da ilha. Durante a trilha mais extensa você passa pela Praia do Sossego uma vez que sai da mata fechada e depois de passar por mais um pequeno trecho de mata você já avista a Praia das Pedrinhas, apesar de ser quase inacessível a pé.

Praia de Tassimirim

A Praia de Tassimirim é extensa e fica logo ao lado da Praia da Cueira. Você consegue acessá-la tanto pela trilha da vila quanto pela trilha das praias que passa por um trecho pequeno na mata fechada.

Praia da Cueira

Muito mais extensa que a praia de Tassimirim, a Praia da Cueira é lindíssima. Muito parecida com aquelas pinturas antigas de paisagens que muitas famílias tinham em casa. A praia tem inúmeros coqueiros em toda a sua extensão e é praticamente deserta. Há poucos restaurantes e bem dispersos entre si. Como já mencionei, a Ilha recebe muitos estrangeiros então bem no meio da praia da Cueira há um restaurante que é point de vários gringos. Eu mesma não cheguei a parar no lugar, mas ele é bem convidativo e grande, com bandeiras de diversos países na sua fachada.

Praia de Moreré

Ao final da praia de Cueira, você atravessa o rio que deságua no mar até a outra ponta da praia que é bem pequenininha. O rio pode ser atravessado a pé mesmo dependendo da maré, caso contrário você pode pedir para um canoeiro te atravessar.

Depois você vai entrar para mais um trecho de trilha, dessa vez no meio do coqueiral. Não há mata fechada nessa parte, apenas os coqueiros que dão vida e um ar tropical à paisagem. Essa caminhada não dura nem 20 minutos e você já está na Praia de Moreré.

Você pode chegar até as piscinas naturais também a pé, mas depende, novamente, da maré. Mas atenção redobrada aonde pisa pois a praia é repleta de peixes, plantas e pequenos corais até chegas às piscinas.

A essa altura da minha caminhada eu não me aguentava mais em pé então não continuei até a parte mais agitada da praia onde ficam algumas pousadas. Mas pelo pouco que vi, posso dizer que a Praia de Moreré é linda, um paraíso desértico e intocado.

Conclusão

Ao todo, minha viagem para Boipeba custou cerca de R$4.000,00, já considerando as passagens de ida e volta e também os transfers utilizados. Em muitos outros destinos gastaria bem mais do que isso e não veria metade das belezas que vi.

Ir para Boipeba com certeza foi um grande acerto na minha viagem de aniversário. Eu pude relaxar, me conectar com a natureza e comigo mesma. Vi lugares tão lindos que me fizeram chorar. Mal posso esperar para voltar para esse lugar maravilhoso.

Obrigada Boipeba, obrigada Bahia!

Nos vemos em breve! 😉