O último Dia das Mães foi mais um dia normal em família: comida caseira, jogo de baralho, conversas sobre o cotidiano e eu e meu irmão discordando de alguma coisa (coisa de irmãos). A bola da vez foi a importância da escolha do Papa e do Vaticano para o restante do mundo.
Como internacionalista, fui compelida aos estudos sociais e culturais. Para muitas pessoas, escolher o novo Papa é uma simples decisão, muito longe de alcançar a nossa realidade. É evidente que não existe influência direta na vida das pessoas causada pela troca de liderança de uma instituição religiosa, ainda mais se essa religião não for a que você segue. Mas o que acontece na Igreja Católica não é apenas pauta religiosa, mas também pauta política, social e cultural.
O Vaticano é o único Estado dentro de outro Estado, possuindo território delimitado, população, legislação e – algo decisivo – reconhecimento dos demais Estados do Sistema Internacional. Você acha que isso é pouco? O catolicismo é uma das religiões mais antigas do mundo, doutrinando monarquias durante muitos séculos. Peça chave em jogos importantíssimos de poder da história, a Instituição fomentou, à sua maneira, muitos conflitos, perseguições e disputas entre impérios e Estados. Até a instauração da Igreja Anglicana na Inglaterra, a Igreja Católica dominava o território europeu ocidental, palco dos maiores conflitos da Idade Média.
Do ponto de vista social e humano, cada religião molda seus adeptos, no nível que for, aos seus dogmas. Não se trata apenas de aspectos negativos da história mundial, mas de valores humanos que foram construídos e ampliados ao longo dos anos.
Em cada continente encontramos muitas religiões, cada uma com sua particularidade, guiando pensamentos e ações de cada adepto. As religiões servem de guia para quem acredita no que lhe é passado. Seus principais valores servem como régua para cada ação individual.
Ter tanto “poder” sobre o indivíduo não pode ser subestimado ao ponto de achar que uma troca de liderança da instituição não vai afetar milhares de pessoas ao redor do mundo. Vai, vai sim. Estamos falando de muitas, muitas, muitas pessoas aguardando um simples – que não tem nada de simplista – pronunciamento. O Papa representa alguém em quem muitos irão se espelhar, portanto é uma imagem a ser construída e mantida. Como qualquer empresa, o Papa também precisa de um branding. Não a toa, Robert Francis Prevost, é o novo Papa Leon XIV. Foi feita uma escolha cuidadosa com seu nome e com sua fala, assim como foi feito com Papa Francisco. Tudo isso é sobre influência.
Algo assim não é insignificante. Por enquanto, aguardamos os próximos capítulos da história.






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