Desde muito nova me interesso pelas artes literárias e plásticas. Eu já escrevia bastante na minha infância, principalmente na escola, durante as aulas. Sim, não é o ideal, mas eu escrevia uma página ou duas apenas de um romance e circulava a página pela sala. Meus amigos adoravam e eu guardo toda a história até hoje. Talvez um dia eu volte nela.
Eu e minha mãe tínhamos um hábito de visitar casas e apartamentos à venda, apenas por curiosidade. Eu então chegava em casa e ia direto para a minha mesa, pegava uma folha sulfite A4, um lápis e elaborava uma planta baixa, muitas vezes replicada do que eu acabava de ver, mas outras vezes totalmente diferente. Não havia nenhuma escala ou proporção, apenas uma disposição elaborada dos ambientes. O quarto do meu irmão era sempre o menor de todos.
Isso me levou a entrar para a faculdade de Arquitetura e Urbanismo, lógico. Mas, porque a vida assim quis, acabei não seguindo com o curso, parei no final do segundo ano. Eu tinha episódios de ansiedade constantes, inclusive durante as aulas. Foi quando eu tranquei o curso que corri para encontrar meu primeiro emprego em uma loja na Rua 25 de Março e, depois de alguns meses, me inscrevi em outra faculdade no curso de Relações Internacionais. Nada de arte, nada de criação, muito de história e política. Fui do 8 ao 80.
Cursando R.I., consegui entrar em um grande banco do Brasil como estagiária de câmbio de moeda estrangeira, fui efetivada em um ano e meio e promovida depois de dois anos. Toda a minha trajetória no banco durou 5 anos, mas em todo esse tempo eu não me destaquei por lidar com o mercado financeiro em si, mas pelas minhas habilidades criativas, de comunicação e socialização. Eu era puramente o Golden Retriever da área, misturado com um Border Collie: eu conhecia a maioria das 300 pessoas, incluindo todos os chefes, socializava e interagia com todos, e ao mesmo tempo exercia papel único e quase exclusivo de comunicar toda e qualquer ação para toda a equipe.
Desde o estágio, as tarefas simples de elaborar uma apresentação no Power Point e falar em público me concederam destaque. Posteriormente, participei de outros projetos de comunicação, ajudei a construir uma identidade para toda a comunicação visual do time, organizei eventos, fui palestrante…
Eu amava muito tudo isso, mas como tudo na vida, coisas não tão boas acontecem. No meu último ano no banco, dentre outros fatores, voltei a ter crises de ansiedade e eu não via mais chances de me desenvolver ali dentro. Eu estava com um pé no bournout. E não pense que o bournout só ocorre com trabalha mais de 12 horas por dia ou não leva uma vida fora do trabalho. A maioria das pessoas enfrenta o bournout por lidar com assédio, ambientes tóxicos, pressão, cobranças incoerentes, etc. Uma coisa levou a outra e em março de 2025 fui demitida.
Você já passou por isso? Se dedicar imensamente a algo e não receber a devida valorização? Ao contrário do que ocorre com muitos, eu agradeci imensamente por esse momento. Eu tinha a minha vida de volta. Pude me concentrar em melhorar minha saúde, em ampliar conhecimentos que estavam empacados por eu não ter tempo de ir atrás, eu não estava mais ansiosa. Mas o mais importante… eu voltei a escrever.
Esse blog nasceu desse momento, de solitude apreciando a minha própria companhia e meus próprios pensamentos. Querendo compartilhar o que eu tenho para falar e mostrar. De certa forma também serve para me apresentar ao mundo como profissional.
Prazer, eu sou Letícia Núncio, Internacionalista, escritora, umbandista, estudante de italiano e frequentadora de academias e estúdios de dança. Amante de arte e livros, me aventuro com cerâmica fria e escrevo um novo livro.





